sábado, 5 de outubro de 2013

Santo Amaro

No Rio Grande do Sul há um pequeno vilarejo que um dia foi uma cidade: Santo Amaro, situada as margens do Rio Jacuí, pertencendo ao município de General Câmara desde 1939. O distrito já pertenceu a cidade de Triunfo (1809-1848) e Taquari (1849-1880) sendo que no ano de 1881 foi elevada a condição de município, talvez por isso muitos chamam ela de "Cidade de Santo Amaro".

Santo Amaro localiza-se aproximadamente a 100km de Porto Alegre as margens do rio Jacuí e foi uma cidade importante durante o século XVIII e XIX para abastecer os portugueses e também evitar o avanço dos espanhóis sobre o território português

Nunca tinha ido a cidade, mas já havia passado algumas vezes pela região ao participar de alguns Brevet como ciclista ou ajudando na organização da SAC. Sabia que a cidade história ficava por perto ao conversar com minha tia que tem casa em General Câmara. e faltava agora só decidir de ir lá para conhecer a cidade. Também olhando no Google Maps algumas estrada aqui do Rio Grande do Sul, fiquei com vontade de chegar em uma eclusa, já que sempre tinha estudado sobre elas há muito tempo atrás na escola, mas nunca tinha visto uma de perto e sei que há uma em Bom Retiro do Sul, no Rio Taquari (150km daqui de casa, aproximadamente), até que uma amiga me falou que em Santo Amaro tem também uma barragem-eclusa, conferi no maps e dá pra ver ela lá.

Plotino e Gabriela
Em um final de semana de fevereiro, um belo final de semana por sinal, me encontrei com dois amigos para pedalar, eles estavam indo para Guaíba, mas nesse final de semana eu já havia combinado com a parentela de ir para General Câmara. Nos encontramos bem cedinho em Porto Alegre, até chegar ponto de encontro, o terminal de ônibus da Cairú, tive que fazer um pedal de aquecimento, já que no horário não poderia pegar o Trensurb. Depois de passar pela "velha" ponte do Guaíba entramos de vez na estrada BR116/BR290 e passando pelas três pontes que no sentido capital-interior não tem acostamento, mas os motoristas respeitam bem os ciclistas por elas.

A primeira parada breve vou em Eldorado do Sul para o cafezinho esperto do Plotino, isso logo após passar as três pontes. Depois de boas risadas seguimos até o posto da PRF onde as duas rodovias se separam, eu segueria pela BR-290 mais uns 60km até meu destino e meus amigos pela BR-116, por mais uns 15km. Me despedi dos amigos e fui encarar os 18km retos e solitários da "duzentos é nojeta", não há muito que ver nessa estrada além de arrozais, nesse trecho tem apenas um único posto de gasolina e uma lanchonete logo depois do acesso da BR-116/BR-290.

E como de costume, no final tem o pedágio da Univias, parada obrigatória para pegar água, descansar um pouco e tomar um cafezinho novamente para encarar a RS-401 passando por Charqueadas São Jerônimo antes do destino final. Particularmente eu gosto dessa estrada, ela não é 100% plana, e te recepciona com uma breve sequência de pequenas subidas e descidas (3 ao todo) passando entre eucaliptos, deixando o visual mais agradável no meio dos arrozais.

ossos do ofício.
Antes de chegar a cidade, faltando uns 5km do Postaço, meu pneu traseiro achou alguma coisa no chão e passou a assoprar, que droga, uma parada para trocar pneu. Parei a magrela, soltei o freio, tirei a roda e vamos ao trabalho de trocar a câmara, maldita lâmina metálica no acostamento, aqui fica uma dica importane, procure a sombra mais próxima para fazer o serviço e que o local seja seguro.. Feita a troca seguimos a viagem, depois desse ponto, encontrei no caminho um companheiro do BRM de Vera Cruz, Marcelo, e no postaço o Cerutti com problemas no pneu. O Postaço é um posto de combustível próximo aos presídios, lá se encontra banheiros e uma boa lanchonete sendo uma alternativa para os viajantes.

dá pra ver qual a minha magrela.
food!
Quando cheguei em Charqueadas já era horário de almoço, poderia fazer um breve lanche, mas decidi almoçar em Charqueadas mesmo, já que me deteria na cidade um tempo a mais para ver o que mais a cidade tem para ver e curtir como cicloturista além de ser apenas um caminho a percorrer. Na cidade existe um bom restaurante com bicicletário, um clima agradável, bom atendimento e a comida é muito boa, tendo a opção de buffet livre e também por quilograma, Rangos e Tragos, situado em uma esquina

Depois de comer um pouco, fui explorar um pouco a cidade, que dizem não ter muito o que explorar, segundo os moradores, mas semanas antes conhecemos uma praia a beira do Rio Jacuí, não era propício para tomar banho, mas para admirar um pouco a paisagem e conversar vale a pena tirar um tempo, bastando seguir um pouco mais adiante a Av. Primeiro de Maio até a Rua José Rui de Ruiz, pegando a esquerda seguindo até a Estrada das Pedrinhas que é a terceira rua depois do campo de futebol (é uma estradinha de terra).

BRM200km - SAC - 02/09/2012
Seguindo depois para o meu destino, passei pela rua da prefeitura, a Rua José de Athanásio, para retornar a RS-401, já em um trecho bem mais calmo a alguns quilometros de São Jerônimo. Passando uns 10km do pórtico da cidade, chaga-se a sobre o Rio Jacuí, marco da divisa entre São Jerônimo e General Câmara, segundo alguns moradores nessa ponte foi gasto mais dinheiro que  necessário, coisas de nosso país. Passando pela ponte, logo a seguir fica a Prainha de General Câmara, onde se encontra a casa de meus parentes. Cheguei por volta das 14h.


Descansando um pouco dos primeiros 100km, aproveitei para arrumar a câmera furada, para a viagem de volta no dia seguinte. Depois de tirar os alforges, ficando apenas com um deles, enquanto o pessoal rumava para a Prainha, peguei a Olívia e segui para Santo Amaro, seriam 25km de estrada aproximadamente. Passando pela entrada da cidade são mais 18km até o distrito, só os últimos 6km são de estrada de chão. As poucas indicações sobre a cidade são propagandas da Pousada e Restaurante Coqueiro, tem duas na estrada, só seguir elas que chegará no destino.

Passei pela Lancheria Raios de Sol, ainda no asfalto, na RS-401, onde se pode avistar os trilhos da linha férrea, logo depois na subida se tem uma das saidas em direção ao rio, em calçamento de terra. Creio que em dias de chuva se tenha dificuldades de chegar até a cidade histórica.

Ainda a caminho é possível de se ver as torres de igreja situada na praça principal, servindo de guia para o viajante. As casas são do estilo Açoriano, sendo bem fácil de identificar elas apesar de muitas casas novas terem sido construídas. Já na praça da cidade com muitas árvores, pode-se ver que ela é cercada de casas tombadas pelo patrimônio histórico, porém lamento que a população não tem noção do valor das construções, não apenas a igreja, mas cada uma das casas. Eles poderiam explorar melhor o potencial turístico do vilarejo e, junto com outras cidades, Triunfo e Rio Pardo, ser uma nova rota turística a ser explorada em nosso estado.

Bela pintura da Igreja de Santo Amaro, com cores bem vivas. Provavelmente pintada para as festividades de Santo Amaro no mês de janeiro.




Voltando a cidade, há um mercadinho de esquina do lado oposto ao da igreja, pra abastecer com algumas comprar, e ainda uns dois ou três bares ao redor de toda a praça. Saindo do centrinho, não podemos de deixar de ir até a beira do rio, no caminho é possível passar pela antiga estação de trem, Estação Amarópolis, desativada, porém poderia servir muito bem como atração turística do local, como na cidade de Montenegro. Para se passar pela estação do trem, pega-se a rua da Pousada Coqueiro e desce até quase as margens do rio, bem na esquina há outro casarão que não tem como passar desapercebido por alguém, seguindo para a esquerda logo chega na estação do trem.Esse casarão na esquina poderia muito bem servir como outra pousada. Seguindo a rua até o final dela teremos o acesso a barragem-eclusa de Amarópolis. Ainda nessa rua conta com dois camping com preços bem acessíveis, pra quem gosta de acampar vale a pena pelo preço, principalmente. Um deles, a proprietária te recebe bem, tem água quente e ainda bastante espaço para acampar, com belas árvores e com uma prainha boa pra tomar banho.

Estação Férrea Amarópolis

Chegando na barragem o acesso a ela é bem tranquilo, os portões se encontram abertos e nenhum funcionário veio me interrogar sobre o que faria por lá, o que me assustou um pouco por ter um acesso tão fácil. Nesse dia outras pessoas estavam por lá. O horário de visitação é das 8h as 17h, eu sai depois disso e ainda vi mais umas pessoas chegando depois do horário. Passar uns momentos a beira do Jacuí valeu a pena. de um lado temos o rio alto e do outro baixo. Valeu a pena ter ido até lá. Não somente na eclusa, mas também para conhecer a cidade onde foi gravado o filme Um Certo Capitão Rodrigo, baseado na obra O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo.


Barragem-Eclusa Amarópolis

Voltando para a Prainha, quando saí não tinha a pretensão de chegar de volta a noite, mas não teve jeito, o pôr-do-sol me pegou na estrada, mas não perdi a oportunidade de apreciar ele na volta. Como sou um cara que tenta ser uma pessoa precavida, fui com meus faróis, já que as vezes ficamos mais tempo nos lugares e podemos voltar a noite.
Apreciando um espetáculo da natureza na beira da estrada.

Hoje tenho vontade de voltar a Santo Amaro para apreciar melhor a cidade e curtir mais tempo a beira do rio, mas por enquanto outras viagens me esperam.